Cubatão, que já foi a cidade mais poluída do Mundo, hoje é exemplo e referência mundial em recuperação ambiental
Nas décadas de 70 e 80, o pólo industrial de Cubatão, na baixada santista em São Paulo, o primeiro do País, era conhecido como a região mais poluída do mundo. Lançava no ar, diariamente, quase mil toneladas de poluentes. A terra, os rios e os manguezais, que formam o ecos- sistema da região, recebiam indiscriminadamente outras toneladas de poluição.
Em 1984, Cubatão resolveu dar a volta por cima. Através da parceria entre a administração municipal, a Companhia de Água do Estado de São Paulo - Cetesb, as indústrias e a comunidade, foi iniciado um rígido programa de despoluição ambiental.
A Cetesb iniciou um plano de recuperação do meio ambiente, submetendo as indústrias a um rígido cronograma de controle das 320 fontes poluidoras primeiras identificadas.
Os resultados apareceram rapidamente; em menos de 10 anos, os índices das fontes poluidoras foram reduzidos em 93%, e a expectativa é que o controle chegue a 100% até o ano 2008. Hoje são controladas também as fontes poluidoras secundárias, um plano de reflorestamento das encostas foi desenvolvido, junto com a despoluição dos mananciais. A Serra do Mar já tem as suas "chagas", provocadas pela erosão causada pela chuva ácida, recobertas de verde. Os peixes voltaram a viver no rio Cubatão e até o guará-vermelho, uma ave ameaçada de extinção, voltou a habitar os manguezais e a procriar.
O reconhecimento do trabalho chegou na ECO 92, pela ONU, que outorgou o Selo Verde a Cubatão, e escolheu a cidade como símbolo da ecologia e exemplo mundial de recuperação ambiental.
A preocupação com o meio ambiente está no plano diretor da cidade. Algumas exigências permitiram que Cubatão controlasse a poluição. Os ganhos em qualidade ambiental só foram possíveis graças a um planejamento e direcionamento racional para a ocupação do solo. Técnicos da Cetesb e da prefeitura concordaram que a solução passa pelo entrosamento dos setores públicos estaduais e municipais, empresas e a população. Essa nova mentalidade tem como base a qualidade total em toda a cadeia do processo produtivo, levando em conta que a preservação do meio ambiente é um bom investimento.
À medida em que as fábricas funcionem e produzam bem, podem investir também em tecnologias de controle atendendo um mercado cada vez mais exigente nas questões ambientais.
Recoberta por rios que nascem na encosta de 800 metros de altura do Parque Estadual da Serra do Mar, a nova estação ecológica de São Paulo engloba parte do manguezal de Cubatão, área em que o guará-vermelho escolheu para viver e se reproduzir desde 1984, quando retornou à cidade.
De acordo com os pesquisadores, o guará é uma das 196 espécies de aves encontradas no manguezal de Cubatão, quantidade maior do que as catalogadas no pantanal do Mato Grosso.
"A estação ecológica é o resultado da luta da comunidade, da prefeitura e dos empresários pela preservação do meio ambiente e, principalmente, do guará", afirmou a bióloga da prefeitura, Maria do Carmo Araújo Amaral, presidente da comissão formada pelo Prefeito Nei Serra para a criação da Fundação Guará-Vermelho. É fato relevante ver a indústria assumindo responsabilidades e compromissos com o meio ambiente.
Dando nova redação no artigo 1.º da Lei n.º 638, de 13 de julho de 1966, o Prefeito Municipal de Cubatão, Eng.º Aurélio Araújo, sancionou a Lei n.º 796, de 19 de dezembro de 1969, sobre os seguintes termos, instituindo o novo brasão de Cubatão:
"Artigo 1.º - o artigo 1.º da Lei n.º 638, de 13 de julho de 1966, passa a ter o seguinte teor:
Artigo 1.º - É oficializado o Brasão de Armas do Município, na conformidade do modelo que integra a presente Lei e tem a seguinte descrição heráldica: Um escudo português (ibérico). Em campo de goles (vermelho), no centro e em destaque, num entrelaçamento harmonioso: uma roda dentada de prata (engrenagem) e, sobre ela, um sol dourado, refulgindo quatro raios igualmente doirados e simétricos - tudo sobre uma flecha e uma alabarda de ouro e prata cruzadas. Três escudetes com chefe, ligados e alinhados em faixa, sobre o campo de blau (azul) e representação de prata; o primeiro sob a forma de um conjunto petrolífero; o segundo sob a forma de uma torre e cabos elétricos; o terceiro, sob a forma de um agrupamento siderúrgico; estes três elementos têm, como suportes, duas folhas de bananeiras (musa paradisíaca) e cor sinople (verde), dispostas, respectivamente, à esquerda e a direita, Um listão de prata com os dizeres (em sable negro): 1833 - Cubatão - 1949, respectivamente à direita e à esquerda. O conjunto é encimado por uma coroa mural de cinco torres de prata".